Abuso de Drogas e Álcool. Parte2

01/01/2010 12:00

 

 

O Abuso de Álcool e Drogas – Parte 2

                                                                                  Por Rita de Cassia da Silva

 

Outras alterações

 

Ossos e articulações: é comum a ocorrência de inchaço doloroso nas juntas (articulações). A dependência de álcool pode desencadear (quando há predisposição) as crises de gota ou agravar (quando ela já existe) a degeneração dos ossos, com risco de fraturas em acidentes banais.

Danos cerebrais: muitos danos no cérebro provocados pelo álcool só podem ser diagnosticados após a morte do indivíduo. Algumas lesões cerebrais como Síndrome de Wernicke – Korsakoff, doença de Marchiatava – Bbignami (atrofia de uma estrutura profunda do cérebro são raras e pouco conhecidas por seus nomes técnicos). Degeneração do cerebelo (parte do cérebro localizada na nuca, responsável pelo equilíbrio e pela coordenação dos movimentos), turvações da visão (com dificuldades para distinguir para o vermelho do verde) e outras demências, também ocorrem.

     

 

45 anos com 20 anos de uso

 

 

38 anos com 17 de uso de álcool

 

 

48 anos com 20 anos de uso de álcool

 

Sistema cardiovascular: o abuso de álcool é um dos principais responsáveis por danos miocárdios, por três motivos básicos: ação direta dos efeitos tóxicos do álcool, deficiência nutricional e por lesões miocárdias provocadas por substâncias como o cobalto, encontradas nas bebidas alcoólicas. Arritmias e elevação da pressão arterial também podem ocorrer.

Problemas pulmonares: o álcool pode provocar vários problemas pulmonares por diminuir a capacidade de funcionamento do sistema imunológico. Em fumantes, o álcool estimula o consumo de nicotina, aumenta os riscos de câncer do pulmão.

 

Outros problemas

 

Alucinose alcoólica: síndrome caracterizada por intensas alucinações visuais ou auditivas.

Ciúme patológico ou delírio de ciúme: síndrome caracterizada por idéias de que o cônjuge ou parceiro(a) esteja cometendo traição. Situações ou gestos normais são interpretados como indícios de atos suspeitos do(a) parceiro(a) e facilmente cria-se situações de conflitos, por tal razão.

Acidentes: são muito comuns os acidentes automobilísticos, atropelamentos, quedas, ferimentos, agressões físicas, incêndios entre outros, associados ao abuso de bebidas alcoólicas.

 

6.2 - Maconha

 

A maconha é conhecida desde o ano 2.700 a.C. Apesar de ser uma droga antiga e uma das mais populares do mundo, não existem ainda, estudos preciosos sobre a extensão e a gravidade os males provocados pela maconha. Sabe-se que essa droga afeta o sistema nervoso central (SNC), provocando a chamada síndrome amotivacional, caracterizada pela perda de interesse por atividades sociais e intelectuais, com sérios prejuízos educacionais, para o usuário.

 

A maconha é uma droga utilizada por pessoas de todas as classes sociais e profissionais. Embora existam usuários de maconha nas mais diversas faixas etárias, a maioria é adolescente, desse modo, a preocupação com o abuso é legitima, já que nesta fase, os sistemas cerebral e sexual ainda estão em desenvolvimento, podendo, o usuário, sofrer danos irreversíveis futuramente.

 

Efeitos predominantes

 

Os efeitos físicos predominantes do THC ocorrem no cérebro, coração e pulmão e podem ser classificados das seguintes formas; Efeitos físicos: ação da droga sobre o organismo; Efeitos psíquicos: ação da droga sobre os pensamentos e percepção.

Podem também ser subdivididos em: Efeitos agudos: quando ocorrem apenas algumas horas após o uso; Efeitos crônicos: seqüelas que surgem com o uso prolongado da droga por semanas, meses ou anos.

Os efeitos físicos são bem menores que os psíquicos e, em geral, são olhos vermelhos (hiperemia das conjuntivas), boca seca (xerostomia), aceleração do ritmo cardíaco (taquicardia). Os batimentos passam da normalidade de 60 a 80 batimentos por minutos, para atingir 120 a 140 ou até mais. As alterações no humor dependem da quantidade, do grau de pureza, da forma de uso, do organismo do usuário e das circunstâncias em que ela é usada. 

Outros problemas físicos podem acompanhar a intoxicação moderada, incluindo tremores leves, diminuição da temperatura do corpo, redução da forma e do equilíbrio dos músculos, sendo que, algumas pessoas sentem náuseas e dores de cabeça. Com menor freqüência, o THC pode provocar convulsões e em pessoas com problemas cardíacos, pode causar danos ainda maiores.

Os efeitos psíquicos podem ser: euforia, sensação de relaxamento, sonolência, aumento do desejo sexual, perda da noção precisa de tempo (sensação de que o tempo demora a passar), lentidão do raciocínio, perda da capacidade de armazenar dados na chamada memória de curto prazo, fome exagerada, vontade de rir à toa. Esses sintomas são desejados pela maioria dos usuários.

Sentimentos de angústia, medo de perder o controle da situação, dores de cabeça, tremores e suor intenso também podem ser experimentados. Quando os efeitos são desagradáveis é chamada “má viagem” (bad trip) ou “bode”; tais efeitos diminuem a probabilidade do “experimentador” usar novamente a droga.

Os efeitos crônicos mais evidentes da maconha consistem na redução do interesse por atividades ou relacionamentos sociais. Esses sintomas caracterizam a síndrome amotivacional. A pessoa que abusa de maconha desenvolve problemas com memória e prejuízo na capacidade de desempenhar tarefas em várias etapas. Pode apresentar desconfiança, ideais de perseguição, em graus muito leves, desenvolvimento de apatia, autoconsciência diminuída, julgamento social prejudicado, pensamento lento, decréscimo nos impulsos ou ainda a perda da capacidade de avaliar sensatamente a realidade.

Se a droga for usada durante um estado muito estressante, a pessoa pode experimentar um elevado nível de agressividade. Mas, o uso da maconha, em geral, diminui a agressividade; porém, quando privado da droga, o usuário pode tornar-se agressivo.

 

O consumo de elevadas doses de maconha pode provocar alucinações. Como qualquer outra droga de abuso, a reação tóxica da maconha pode produzir confusão, desorientação e pânico.

Problemas clínicos

 

Pulmões: a maconha é irritante aos pulmões, capaz de provocar bronquite (normalmente desaparece com a interrupção do uso de droga). O uso crônico de qualquer substância irritante dos pulmões, pode causar destruição dos tecidos e diminuir a capacidade vital desse órgão, mesmo em pessoas jovens e saudáveis. A maconha possui níveis de hidrocarbonetos carcinogênicos 50% mais altos que o tabaco. O teor de alcatrão encontrado na maconha é maior do que nos cigarros de tabaco. Ao contrário da crença comum, de que a maconha, por ser fumada em sua forma natural (não industrializada) não provoca câncer, alguns estudos comprovam a evidência de lesões pulmonares pré-cancerosas em fumantes desta droga, após alguns anos de abuso pesado.

Nariz e garganta: não raro, fumantes crônicos de maconha, apresentam faringite, sinusite e aumento significativo do risco de câncer de cabeça e pescoço, idêntico aos fumantes crônicos de cigarros de tabaco.

Aparelho cardiovascular: a maconha produz a aceleração do ritmo cardíaco, aumentando os riscos de complicações em pessoas com problemas cardíacos.

Sistema reprodutor: alguns estudos apontam a diminuição em até 60% da quantidade de testosterona (hormônio masculino), prejudicando a produção de esperma em usuários pesados, bem como a redução do tamanho dos testículos. É importante lembrar que apesar dessas alterações, a maconha não causa impotência sexual e nem perda do desejo sexual na maioria dos casos, mas pode provocar esterilidade em homens. Nas mulheres, a maconha pode provocar um bloqueio na ovulação. No entanto, tanto em homens, quanto em mulheres essas alterações são reversíveis quando o uso é interrompido. Durante a gravidez, a maconha pode produzir problemas com a oxigenação, causando danos no desenvolvimento do feto e possíveis problemas na capacidade de aprendizagem da criança.

Cérebro: os fumantes pesados de maconha podem apresentar modificações no funcionamento cerebral, que podem durar três meses ou mais, após o uso crônico e com menos freqüência, pode causar lesões irreversíveis. Alguns estudos mostram que a atuação do THC na região do cérebro responsável pelo controle das emoções, provoca danos e disfunções graves na memória.

 

 

18 anos com 3 anos de uso de maconha                                                                    

 

 

                  

                  28 anos com 10 anos de uso de maconha

Outros problemas

 

                Acidentes: os maiores riscos são os acidentes provocados por prejuízos no desempenho motor. A redução da capacidade de julgamento impossibilita uma avaliação do tempo e da distância. Esses efeitos são muito parecidos aos de bebidas alcoólicas. Alguns pesquisadores afirmam que a maconha reduz a capacidade de dirigir automóveis por até 8 horas após seu uso. Um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que esta droga diminui a capacidade de pilotar adequadamente aviões, por 24 horas após o último uso de maconha. Mesmo em pilotos experientes.

Nos casos de preexistência de doenças psíquicas não evidentes ou controladas com medicamentos adequados, a maconha pode agravar o quadro, desencadear a manifestação da doença ou neutralizar os efeitos dos medicamentos, em especial nos casos de esquizofrenia.

 

6.3 – A Cocaína, o Crack e Merla

 

A cocaína foi utilizada, inclusive por Freud, na década de 50, como anestésico em cirurgias, depois abandonada. As propriedades primárias da cocaína bloqueiam a condução de impulsos nas fibras nervosas, quando aplicada externamente, produzindo uma sensação de amortecimento e enregelamento. A droga também é vaso-constritora, isto é, contrai os vasos sangüíneos inibindo hemorragias, além de funcionar como anestésico local, sendo este um dos seus usos na medicina.

 A cocaína para fins de abuso é vendida nas ruas em forma de pó. Açucares, anestésicos, anfetaminas, pó de giz, entre outras substâncias são adicionadas e têm por finalidade aumentar o volume, e os lucros, o que faz com que a cocaína perca o teor de pureza. Desse modo, o usuário consome uma droga de via origem e riscos potenciais desconhecidos.

Outras variações dessa droga recebem o nome de crack ou “pedra”, merla, pasta base, free base, etc. O crack é muito popular no estado de São Paulo, fumando em cachimbos artesanais ou improvisados em latas de refrigerantes, ou misturados no cigarro de maconha. A merla (cocaína em forma de base) é conhecida e consumida em Brasília, onde o consumo de crack é muito pequeno. A pasta de coca, obtida nas primeiras fases de refinação da cocaína, quando as folhas são tratadas com querosene ou gasolina e ácido sulfúrico, é um produto altamente tóxico que contém inúmeros tipos de impurezas. A merla e a pasta de coca são fumadas misturadas nos cigarros de tabaco ou maconha, conhecidos por “mesclados”. O crack e a merla por não serem solúveis em água, não podem ser utilizados de forma injetável.

Ingerida ou aspirada, a cocaína age sobre o sistema nervoso periférico, inibindo a reabsorção, pelos nervos, da norepinefrina (uma substância orgânica semelhante à adrenalina). Assim, ela potencializa os efeitos da estimulação dos nervos. A cocaína é também um estimulante do sistema nervoso central, agindo sobre ele com efeito similar ao das anfetaminas.

A quantidade necessária para provocar uma overdose varia de uma pessoa para outra, e a dose fatal vai de 0,2 a 1,5 grama de cocaína pura. A possibilidade de overdose, entretanto, é maior quando a droga é injetada diretamente na corrente sangüínea. O efeito da cocaína pode levar a um aumento de excitabilidade, ansiedade, elevação da pressão sangüínea, náusea e até mesmo alucinações. Um relatório norte-americano afirma que uma característica peculiar da psicose paranóica, resultante do abuso de cocaína, é um tipo de alucinação na qual formigas, insetos ou cobras imaginárias parecem estar caminhando sobre ou sob a pele do cocainômano.

Embora exista controvérsia, alguns afirmam que os únicos perigos médicos do uso da cocaína são as reações alérgicas fatais e a habilidade da droga em produzir forte dependência psicológica, mas não física. Por ser uma substância de efeito rápido e intenso, a cocaína estimula o usuário a utilizá-la seguidamente para fugir da profunda depressão que se segue após o seu efeito.

A Coca-Cola, um dos refrigerantes mais populares, foi originalmente uma beberagem feita com folhas de coca e vendida como um "extraordinário agente terapêutico para todos os males, desde a melancolia até a insônia". Complicações legais, todavia, fizeram com que a partir de 1906 o refrigerante passasse a utilizar em sua fórmula folhas de coca descocainadas (revista Planeta, julho, 1986).

 

Função Normal da Dopamina no Cérebro

 

 

 

Sabe que neurotransmissores como a dopamina (mostrada em vermelho), noradrenalina e serotonina (esta última recentemente descoberta) são catecolaminas sintetizadas por certas células nervosas que agem em regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, o prazer e a motivação. Depois de sintetizados, estes neurotransmissores são armazenados dentro de vesículas sinápticas (em verde). Quando chega um impulso elétrico no terminal nervoso, as vesículas se direcionam para a membrana do neurônio e liberam o conteúdo, por ex., da dopamina, na fenda sináptica. A dopamina então atravessa essa fenda e se liga aos seus receptores específicos na membrana do próximo neurônio (neurônio pós-sináptico). Uma série de reações ocorre quando a dopamina ocupa receptores dopaminérgicos daquele neurônio: alguns íons entram e saem do neurônio e algumas enzimas são liberadas ou inibidas. Após a dopamina ter se ligado ao receptor pós-sináptico ela é recaptada novamente por sítios transportadores de dopamina localizados no primeiro neurônio (neurônio pré-sináptico).
A recaptura dos neurotransmissores é um mecanismo fundamental para manter a homeostase e capacitar os neurônios a reagir rapidamente a novas exigências, já que o trabalho do cérebro é constante.

 

 

A Entrada de Cocaína no Cérebro

 

 

 

 

Quando a cocaína entra no sistema de recompensa do cérebro, ela bloqueia os sítios transportadores dos neurotransmissores acima mencionados (dopamina, noradrenalina, serotonina), os quais têm a função de levar de volta estas substâncias  que estavam agindo na sinapse. Desta maneira, ela possibilita a oferta de um excesso de neurotransmissores no espaço inter-sináptico à disposição dos receptores pós-sinápticos, fato biológico cuja correlação psicológica é uma sensação de magnificência, euforia, prazer, excitação sexual. Por este motivo, denomina-se o consumo da cocaína "Síndrome de Popeye", numa analogia dessa droga com o espinafre do conhecido marinheiro das histórias em quadrinhos. Uma vez bloqueados estes sítios, a dopamina e outros neurotransmissores específicos não são recaptados, ficando, portanto, "soltos" no cérebro até que a cocaína saia. Quando um novo impulso nervoso chega, mais neurotransmissor é liberado na sinapse, mas ele se acumula no cérebro por seus sítios recaptadores estarem bloqueados pela cocaína. Acredita-se que a presença anormalmente longa de dopamina no cérebro é que causa os efeitos de prazer associados com o uso da cocaína. Quando imaginamos que ocorrem cerca de trilhões de trocas neuroquímicas por minuto, fica evidente que o preço pago por viver uma experiência de euforia é alto demais em relação às características que o indivíduo terá que encarar. O uso prolongado da cocaína pode fazer com que o cérebro se adapte a ela, de forma que ele começa a depender desta substância para funcionar normalmente diminuindo os níveis de dopamina no neurônio. Se o indivíduo parar de usar cocaína, já não existe dopamina suficiente nas sinapses e então ele experimenta o oposto do prazer - fadiga, depressão e humor alterado.

 

Os Efeitos Euforizantes Causados Pelo Uso da Cocaína

  

Recentemente, cientistas investigaram os efeitos euforizantes da cocaína através de estudos de imagens cerebrais utilizando a tomografia PET (Positron Emission Tomography), um sofisticado método que permite visualizar a função dos neurônios através do seu metabolismo, usando substâncias radioativas.

Eles descobriram que a cocaína ocupa ou bloqueia os "sítios transportadores de dopamina" nas células cerebrais (conforme dito acima, dopamina é uma substância sintetizada pelas células nervosas que age em certas regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, a motivação). Os "sítios transportadores de dopamina" levam a dopamina de volta para dentro de certos neurônios, após ela ter dado uma "passeada" pelo cérebro promovendo seus efeitos. Se a cocaína ocupar o mecanismo de transporte da dopamina, esta substância fica "solta" no cérebro até que a cocaína saia, e é justamente a presença anormalmente longa dela no cérebro é que causa os efeitos eufóricos associados com o uso da cocaína.
 
 

Tanto a dopamina como outras substâncias aumentadas no cérebro podem produzir vasoconstrição e causar lesões. Estas lesões podem incluir hemorragias agudas e infarto no cérebro (zona de morte celular, causada por falta de oxigênio), bem como necrose do miocárdio, podendo levar à morte súbita.

Grávidas que usam cocaína podem afetar seus fetos, levando-os ao nascimento com baixo peso ou risco de rompimento da placenta e até lesões irreversíveis do cérebro, causando deficiências mentais e físicas. Em muitos países, os  "bebês da cocaína" são um sério problema de saúde pública, que está se agravando com a ampla disponibilidade do  "crack".

Em vermelho, sítios transportadores de dopamina. O PET só mostra os sítios não ocupados pelas drogas.

Porque a Cocaína Vicia?

A dependência à cocaína depende de suas propriedades psicoestimulantes e ação anestésica local. A dopamina é considerada importante no sistema de recompensa do cérebro, e seu aumento pode ser responsável pelo grande potencial de dependência da cocaína.

Um estudo de PET, feito por cientistas da Johns Hopkins University e o National Institute on Drug Abuse (NIDA) nos EUA, descobriu que o vício pela cocaína está diretamente correlacionado a um aumento no cérebro dos receptores para substâncias opióides, como as endorfinas, que são naturais, e drogas de abuso, como a heroína e o ópio. Quanto maior a intensidade do vício, maior esse número de receptores. 

Quando os viciados em cocaína que foram testados na pesquisa ficavam um mês longe da droga, em alguns deles o número de receptores voltava ao normal, mas em outros continuava alto. Pode haver uma correlação entre esse fato e a susceptibilidade do drogadito voltar ao vício ou não.

 
 
 
Os malefícios da cocaína

 

A cocaína é a droga que mais rapidamente devasta o usuário. Bastam alguns meses ou mesmo semanas para que ela cause um emagrecimento profundo, insônia, sangramento do nariz e corisa persistente, lesão da mucosa nasal e tecido nasais, podendo inclusive causar perfuração do septo. Doses elevadas consumidas regularmente também causam palidez, suor frio, desmaios, convulsões e parada respiratória. No cérebro, a cocaína afeta especialmente as áreas motoras, produzindo agitação intensa.

A ação da cocaína no corpo é poderosa, porém, breve, durando cerca de meia hora, já que a droga é rapidamente metabolizada pelo organismo. Interagindo com os neurotransmissores, tornam imprecisas as mensagens entre os neurônios.

 

Efeitos predominantes

 

É preciso distinguir a cocaína em pó, do crack e da merla, em função das diferentes formas de administração, apesar da semelhança dos efeitos destas drogas.

Quando fumados, o crack e a merla são absorvidos quase instantaneamente pelos vasos pulmonares, atingindo a corrente sangüínea e o cérebro com maior rapidez do que por outras vias. Os efeitos surgem entre dez e quinze segundos após o uso e duram aproximadamente cinco minutos, obrigando o usuário a aumentar a freqüência do consumo.

Ocorrem em geral sensações de prazer exagerado, intensa euforia, sentimentos de elevada auto-estima, poder, insônia, perda do apetite, aumento das atividades (hiperatividade), excitação sexual e tremores nas mãos.

Outras manifestações possíveis são náuseas, vômitos, dilatação da pupila, aumento da temperatura corporal e da pressão arterial decorrentes da elevação dos batimentos cardíacos, ranger os dentes, boca seca, destruição do septo nasal, falar em demasia, desconfiança exagerada, tocar ou morder repetidamente objetos ou partes do corpo e ainda idéias delirantes ou paranoides. Este quadro usualmente instala-se de modo gradual com o abuso crônico.

Tolerância

 

A tolerância à cocaína pode desenvolver-se dentro de poucos dias, isto é, a pessoa, usando a mesma quantidade de droga, sente seus efeitos (sensação de euforia) com menor intensidade, sendo necessário aumentar as doses para produzir os efeitos iniciais. Mas a sensações de ansiedade e de aumento de energia permanecem por até 4 horas.

Dependência

 

A dependência de cocaína pode ser observada pela presença de sintomas depressi

vos ou irritabilidade. Em forma de crack, a cocaína causa dependência quase instantaneamente, com apenas três ou quatro doses.

Outros problemas

 

Os usuários de cocaína injetável podem ter complicações infecciosas pelo compartilhamento de agulhas contaminadas, espasmos dos vasos sangüíneos com sintomas semelhantes aos de derrame. Destruição do septo nasal pode ocorrer em usuários que inalam a droga. Quando fumada a cocaína pode provocar bronquite e até perda na capacidade de funcionamento normal dos pulmões.

A ingestão rápida de cocaína provoca intensa taquicardia e pode resultar em morte. As complicações cardíacas são imprevisíveis e podem ocorrer tantos em iniciantes, quando em pessoas que já usavam regularmente a droga.

O uso desta droga durante a gravidez pode atingir o feto, por atravessar a barreira placentária. Os resultados podem ser a diminuição da oxigenação ou efeitos estimulantes sobre o feto (com alterações cardíacas), trabalho de parto prematuro ou abortos espontâneos.

O usuário pode apresentar bruxismo (ranger de dentes) e ainda, uma série de problemas cutâneos, incluindo escoriações (resultantes de idéias delirantes sobre insetos na pele) e úlceras cutâneas.

A superdosagem (overdose) no consumo de cocaína pode levar à morte. A ocorrência de depressão grave e suicídios entre usuários não é um fato incomum.

Os Efeitos da Cocaína no Cérebro

 

 


   

 

 

 

Corte cerebral pós-mortem de um adito em cocaína. A lesão 
mostrada refere-se a uma hemorragia cerebral massiva e está associada ao uso da cocaína.